3º Registro - Princípio do caos - Parte 3 de 7

Hoje acordei por volta das dez horas da manha. Assim que me levantei abri a janela e olhei para a rua. Uma cena tirada de um filme amador de terror. Tudo vazio. Deserto. A não ser por umas constantes viaturas da policia ou do exército que passam por aqui. Indo pra Deus sabe lá onde. É bizarro ver os policiais ou os militares trafegando na rua com máscaras protetoras. Como se um terrível gás tivesse sido lançado na cidade.

Meu apartamento fica no centro da cidade e aqui costumava ser uma bagunça essas horas da manha. O barulho do transito era constante e irritante. Agora sinto falta dele. Bons tempos. Enfim... Vejamos onde parei.

Foi logo depois que o presidente dos EUA disse que vacinas seriam liberadas para o grupo de risco. Eu me lembro de que fui para a casa da minha namorada e lá meus sogros não paravam de comentar sobre o assunto. “E se chegar ao Brasil?” “O país não está preparado” “Vai ser um caos”. Pois é. E eles estavam totalmente certos.

29/06/2012. O primeiro caso confirmado da gripe no Brasil aconteceu menos de um dia depois. Os casos no mundo inteiro já passavam de dois mil e as mortes se aproximavam assustadoramente dos cinquenta por cento, ou seja, quase mil mortes. Foi na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul que foi confirmado o primeiro caso. Depois disso, desandou. No final do dia os casos já se aproximavam dos cento e cinquenta. Era muito rápida a propagação do vírus. Em quase todas as capitais havia casos confirmados. E o papo de que as providencias cabíveis estavam sendo tomadas? Pelo amor. Quanta falta de preparação de um governo. A OMS elevou o nível de alerta pandêmico para 5, o que significava que o risco de pandemia era eminente.

O ponto principal do vírus ainda era o México e parecia que alguma coisa fora do normal estava acontecendo lá. É claro que está acontecendo uma coisa fora do normal. Um vírus que mata em menos de 24 horas é totalmente anormal. Ou seria algo diferente? Só sei que nenhuma informação concreta foi passada pela imprensa. Parecia que ninguém queria realmente dizer o que estava acontecendo em Cocula (cidade que teve o primeiro caso da gripe). Não havia imagens ou noticias daquele vilarejo.

E tudo piorou ás 12h45 do dia 01/07/2012, dois dias depois do primeiro caso confirmado no Brasil, quando foi ao ar uma coletiva de imprensa do então presidente do México, Felipe Calderón. Ele entrou no salão de imprensa vestindo um uniforme militar. Na mão trazia um papel (com certeza seu discurso). Quando todos achavam que ele ia dizer que tudo estava no controle e que não devíamos ter pânico, ele soltou a bomba. Estava declarando a lei marcial no país. Isso chocou o mundo. Em poucos minutos alguns sites e canais de TV já declaravam que uma reunião de extrema urgência havia sido marcada pelo G8. E o anuncio de Calderón não parou por ai. Ele decretou que qualquer informação sobre o país teria que passar por uma base pré-estabelecida pelo governo que decidiria se a notícia iria se tornar publica ou não. Para fechar com chave de ouro sua entrevista, ele declarou também que a partir daquele momento ninguém saía e ninguém entrava no México. Todas as fronteiras estavam sendo fechadas até segunda ordem. Todos os aeroportos e portos marítimos estavam sendo fechados. Mas porque isso? Era pra tanto? O que estava acontecendo de verdade? O presidente do México deixou a sala de imprensa e no seu lugar ficou um general do exército. Ele falou algumas coisas e a transmissão foi cortada. A imprensa explodiu com essa noticia. Em todos os canais abertos só se falava nisso. Nos canais de noticias pela TV a cabo os plantões eram de 24 horas. A todo o momento eles só falavam do México e da Influenza Z. Foi então que na semana que se seguiu tudo foi para o saco. A OMS elevou o nível de alerta pandêmico para 6 e declarou pandemia. O vírus precisava ser extinto.

05/07/2012. Pra começar, o Brasil começou realmente a sentir o efeito do vírus. Em menos de quatro dias os infectados já passavam de dez mil. Isso mesmo. Dez mil só no Brasil. As mortes já passavam os dois mil. A presidente encomendou imediatamente as novas vacinas, que já estavam sendo distribuídas na Europa e na América Central havia mais de uma semana. Em Taubaté o primeiro caso foi registrado no bairro Jardim das Nações. E em menos de dois dias os casos já passavam dos duzentos. As mortes em Taubaté eram um total de doze ou treze, segundo informações. Ninguém conhecido.

Do México nada se sabia. As notícias eram todas desatualizadas. Não havia notícia nenhuma depois da entrevista coletiva de Calderón. Pra piorar as coisas o G8 havia se reunido e foi decidido que as viagens aéreas internacionais estavam suspensas até segunda ordem. Os governos também aconselhavam a população a evitarem os locais com aglomeração de pessoas, como transporte publico, festas noturnas e por ai vai. Déjà Vu. 2009 estava se repetindo. E mil vezes pior.

Vou parar por aqui. Vou ligar pra minha namorada. Preciso falar com ela. Até mais.

Postado 26/07/2012 ás 21h14. Taubaté-SP

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