Estou
já faz uns dez minutos sentado na cama, com o notebook no colo. Não sei o que
escrever. Não sei nem o porquê continuar escrevendo. Já faz duas ou três
postagens que ninguém visualiza o conteúdo do blog. Meu Deus. Será que alguém
ainda está vivo?
Resolvi
relatar as minhas situações aqui. Me sinto mais vivo quando começo a digitar.
Acho que isso está servindo pra não me deixar maluco. Pra eu não fazer nenhuma
besteira.
O
silencio é aterrorizante. Não a mais nada. Sirene, tiros, gritos e correria.
Acabou. Só ouvimos eles. Os mortos. Não temos mais como negar. Por mais que
nossas mentes teimem em não aceitar. A senhora Fátima estava morta. Eu vi. O
senhor Francisco estava morto. O Rodrigo viu. Mas eles voltaram. Voltaram
querendo matar os humanos. Algo que dias atrás só existia num filme de quinta categoria.
Zumbis, mortos-vivos. Eles estão aqui. Não é brincadeira. Não é piada. É a vida
real. A situação é delicada e apavorante.
Merda...
Durante
um bom tempo, Rodrigo e eu tentamos colocar as coisas em ordem e aceitar essa
nova realidade. Pode ser que rapidamente isso seja controlado, mas pode ser que
não. Não podemos ter 100% de certeza de que tudo vai melhorar da noite para o
dia. Não vai. Podemos muito bem estar por conta própria. Temos que pensar
assim. Se a ajuda aparecer, vamos ser surpreendidos positivamente. Se não
aparecer, já estaremos preparados pra isso.
Não
sabemos qual é a situação do prédio. Pela sacada do meu apartamento podemos ver
algumas coisas interessantes. Primeiro: Eles estão por toda a parte. No térreo
do prédio e nas ruas. A movimentação nesse exato momento já foi pior. Agora só
algumas dezenas caminham pela rua. Eles são um mistério. Como voltaram? Foi o
vírus? O curioso é ver o estado de cada um. Alguns tão normais quanto eu ou
Rodrigo, a não ser o fato de a pele estar totalmente cerúlea e as veias
estouradas. Alguns apresentam diversos tipos de amputações, marcas de mordidas
e coisas do tipo. Lentamente o cheiro horroroso de podridão começa a tomar
conta do ambiente. Vamos ter que nos acostumar.
Já
faz algumas horas que estamos ouvindo passos no apartamento de cima. Chega a
ser totalmente irritante. Está mexendo muito com nosso psicológico.
Chegamos
à conclusão de que precisamos ir até o terraço do prédio. Lá vamos ter total
visão das ruas ao redor do prédio. Vamos conseguir ver também a portaria, que
fica do outro lado, e que do meu apartamento é impossível ver.
Porem
como eu disse, nós não sabemos a real situação do prédio. Ele tem doze andares,
e eu moro no sexto. Seis andares até o terraço. Ainda temos energia o que significa que o elevador
ainda está funcionando. A princípio o principal objetivo é evitar as escadas.
Assumo com total masculinidade que estou cagando de medo de encontrar outras
dessas criaturas.
Enquanto
Rodrigo checa as ultimas coisas, eu estou terminando de escrever aqui. Vamos
subir no terraço agora. Que tudo dê certo.
Improvisamos
duas estacas de madeiras criadas a partir de uma vassoura e um rodo. Porem é só
isso. Não estamos tão providos de armamentos. Nós vamos na sorte. Na raça. Na
total estupidez e imprudência. Mas precisamos ir. Temos que começar a traçar
nosso plano de fuga. E verificar a real situação do prédio faz parte do plano.
Esperamos
voltar vivos...
Rodrigo
está me chamando.
Vamos lá...
***
Estamos
vivos...
Totalmente
ferrados, mas vivos. Meu psicológico está abalado. Preciso me recompor. Não
tenho condições de continuar escrevendo agora...
Quase
que colocamos tudo a perder...
Quase...
Postado 03/08/2012 ás 01h57.
Taubaté-SP
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