25° Registro - A Universidade - Parte 2 de 7


Faz três dias que estamos aqui nesse prédio. A situação não é das melhores. Estamos dormindo dentro de uma sala de aula, no chão. Foi à primeira porta que abrimos aqui. Só abrimos outra porta porque dizia “banheiro”. Infelizmente não tinha chuveiro, só privadas. Mas já era ótimo. Mateus continua nos dizendo para vasculharmos mais o prédio. Eu acho uma boa ideia. Podemos encontrar uma sala mais confortável, como a dos professores ou diretoria. Podemos encontrar um banheiro com chuveiro ou uma cozinha. Mas e a coragem? O prédio é enorme. Às vezes ouvimos alguns barulhos que assustam. Umas batidas estranhas vindas de algum lugar desse prédio universitário. E pra ajudar a noite vai chegando. Cada vez que anoitece é o inferno. Ficamos tensos e apreensivos. Bloqueamos a porta quebrada com inúmeras cadeiras e carteiras de aula. Estamos nos alimentando de maneira racionada. A comida não é pouca, mas requer gás e fogo para usarmos. É complicado esquentar comida para cinco pessoas. O botijão que estava conosco está acabando. Água também é racionada. Mas constantemente estamos com sede e com fome. Horrível.

Esse prédio parece seguro. Mas creio que não por muito tempo.

***

Assim que nos aproximamos dele, três dias atrás, vimos que era cercado por enormes cercas de aço. Precisávamos achar uma entrada rapidamente. Fomos dando a volta no prédio para acharmos a possível portaria. Assim que demos uma volta, vimos ao longe mais prédios, da mesma universidade, mas não eram cercados. Então aquele prédio cercado com certeza era o mais “seguro”. Ao encontrarmos o portão principal, percebemos que ele era o único que não tinha arame em cima. Era a nossa entrada. Era um portão alto, mas com ajuda conseguiríamos entrar. Mateus saltou para o lado de dentro e ficou pegando as coisas que eu, que me empoleirei no portão, fui passando para ele. Assim que ajudamos Amanda e Sofia a entrarem, também entramos.

De perto o prédio era realmente enorme. Com três andares e pintado de salmão, o prédio tinha só uma entrada. Uma porta dupla de madeira no centro. De alguma maneira a porta não estava trancada, somente fechada. Ali eu já senti algo estranho. Será que alguém se esqueceu de trancar a porta ou realmente não teve tempo de trancar? Fugindo de algo ou alguém? Assim que seguimos pelo corredor iluminado pela luz do dia, achamos a primeira porta. Pensamos em seguir procurando quando ouvimos um barulho. Uma batida muito forte ecoou pelos corredores. Não pensamos duas vezes em arrombar a primeira porta e entrarmos.

Aqui estamos desde então. Mas precisamos sair. Estamos fedendo. Não tomamos banhos há dias. Toda hora que precisamos ir ao banheiro, alguém acompanha com uma arma. Não fazemos mais nada. É da sala de aula para o banheiro, do banheiro para a sala de aula. Acabei de ouvir mais um barulho! Às vezes acho que não estamos sozinhos aqui. E quem quer que esteja aqui, já sabe da nossa presença.

Os barulhos continuam. Agora tenho noventa por cento de certeza que é alguém. Parecem batidas em uma porta ou algo do tipo. São distantes, mas definitivamente é nesse prédio. Essas batidas estão nos torturando, nos surtando. Já vivemos assustados com toda essa merda. Não sabemos em que momento uma legião de zumbis podem nos atacar. Não conseguimos dormir. Pra ajudar estamos no escuro. Um breu total.

Agora a pouco tive uma conversa com Gustavo e Mateus. Dei minha opinião em relação a esses barulhos no prédio. Precisamos tomar coragem e vasculhar. Sugeri que nós fossemos ver a origem desse barulho.  Temos armas suficientes, roubadas por meu irmão no quartel. E creio que infelizmente ele não terá problemas com isso. Pois o quartel caiu.

A ideia é nos juntarmos e vasculharmos sala por sala. Depois marcamos onde passamos e continuamos. Vale a pena, pois podemos encontrar coisas necessárias para o nosso uso. Pois percebi que os outros prédios da universidade são distantes. Então os alunos daqui deveriam ter uma cantina ou algo do tipo para se alimentarem durante os intervalos de aula. Com certeza também deve ter um auditório, onde podem ter poltronas confortáveis. São diversas as opções. Devemos tentar. O problema foi com Amanda e Sofia. Elas não querem de jeito nenhum ficar sozinhas. Meu irmão nos aconselhou a ensinarmos Amanda a usar uma arma. Eu acho isso uma boa ideia. Nosso plano está tomando forma. Precisamos ter certeza de que não tem nenhuma criatura aqui.

E quem sabe podemos tornar esse lugar um refúgio melhor.

Escrito 13/08/2012 ás 19h18. Taubaté-SP

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