Faz três dias que estamos aqui nesse prédio. A situação não é das
melhores. Estamos dormindo dentro de uma sala de aula, no chão. Foi à primeira
porta que abrimos aqui. Só abrimos outra porta porque dizia “banheiro”.
Infelizmente não tinha chuveiro, só privadas. Mas já era ótimo. Mateus continua
nos dizendo para vasculharmos mais o prédio. Eu acho uma boa ideia. Podemos
encontrar uma sala mais confortável, como a dos professores ou diretoria.
Podemos encontrar um banheiro com chuveiro ou uma cozinha. Mas e a coragem? O
prédio é enorme. Às vezes ouvimos alguns barulhos que assustam. Umas batidas
estranhas vindas de algum lugar desse prédio universitário. E pra ajudar a
noite vai chegando. Cada vez que anoitece é o inferno. Ficamos tensos e
apreensivos. Bloqueamos a porta quebrada com inúmeras cadeiras e carteiras de
aula. Estamos nos alimentando de maneira racionada. A comida não é pouca, mas requer
gás e fogo para usarmos. É complicado esquentar comida para cinco pessoas. O
botijão que estava conosco está acabando. Água também é racionada. Mas
constantemente estamos com sede e com fome. Horrível.
Esse prédio parece seguro. Mas creio que não por muito tempo.
***
Assim que nos aproximamos dele, três dias atrás, vimos que era cercado
por enormes cercas de aço. Precisávamos achar uma entrada rapidamente. Fomos
dando a volta no prédio para acharmos a possível portaria. Assim que demos uma
volta, vimos ao longe mais prédios, da mesma universidade, mas não eram
cercados. Então aquele prédio cercado com certeza era o mais “seguro”. Ao
encontrarmos o portão principal, percebemos que ele era o único que não tinha
arame em cima. Era a nossa entrada. Era um portão alto, mas com ajuda
conseguiríamos entrar. Mateus saltou para o lado de dentro e ficou pegando as
coisas que eu, que me empoleirei no portão, fui passando para ele. Assim que
ajudamos Amanda e Sofia a entrarem, também entramos.
De perto o prédio era realmente enorme. Com três andares e pintado de
salmão, o prédio tinha só uma entrada. Uma porta dupla de madeira no centro. De
alguma maneira a porta não estava trancada, somente fechada. Ali eu já senti
algo estranho. Será que alguém se esqueceu de trancar a porta ou realmente não
teve tempo de trancar? Fugindo de algo ou alguém? Assim que seguimos pelo
corredor iluminado pela luz do dia, achamos a primeira porta. Pensamos em
seguir procurando quando ouvimos um barulho. Uma batida muito forte ecoou pelos
corredores. Não pensamos duas vezes em arrombar a primeira porta e entrarmos.
Aqui estamos desde então. Mas precisamos sair. Estamos fedendo. Não
tomamos banhos há dias. Toda hora que precisamos ir ao banheiro, alguém
acompanha com uma arma. Não fazemos mais nada. É da sala de aula para o banheiro,
do banheiro para a sala de aula. Acabei de ouvir mais um barulho! Às vezes acho
que não estamos sozinhos aqui. E quem quer que esteja aqui, já sabe da nossa
presença.
Os barulhos continuam. Agora tenho noventa por cento de certeza que é
alguém. Parecem batidas em uma porta ou algo do tipo. São distantes, mas
definitivamente é nesse prédio. Essas batidas estão nos torturando, nos
surtando. Já vivemos assustados com toda essa merda. Não sabemos em que momento
uma legião de zumbis podem nos atacar. Não conseguimos dormir. Pra ajudar
estamos no escuro. Um breu total.
Agora a pouco tive uma conversa com Gustavo e Mateus. Dei minha opinião
em relação a esses barulhos no prédio. Precisamos tomar coragem e vasculhar. Sugeri
que nós fossemos ver a origem desse barulho. Temos armas suficientes,
roubadas por meu irmão no quartel. E creio que infelizmente ele não terá
problemas com isso. Pois o quartel caiu.
A ideia é nos juntarmos e vasculharmos sala por sala. Depois marcamos
onde passamos e continuamos. Vale a pena, pois podemos encontrar coisas
necessárias para o nosso uso. Pois percebi que os outros prédios da
universidade são distantes. Então os alunos daqui deveriam ter uma cantina ou
algo do tipo para se alimentarem durante os intervalos de aula. Com certeza
também deve ter um auditório, onde podem ter poltronas confortáveis. São
diversas as opções. Devemos tentar. O problema foi com Amanda e Sofia. Elas não
querem de jeito nenhum ficar sozinhas. Meu irmão nos aconselhou a ensinarmos
Amanda a usar uma arma. Eu acho isso uma boa ideia. Nosso plano está tomando forma.
Precisamos ter certeza de que não tem nenhuma criatura aqui.
E quem sabe podemos tornar esse lugar um refúgio melhor.
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