Escrevo isso enquanto terminamos de nos preparar para fugir. Não temos escolha.
Se algo acontecer, e vai acontecer, estaremos encurralados.
Como eu havia escrito antes, foram inúmeras coisas que nos trouxeram a
esse momento. Como atirar em zumbis no meio da noite e matar o pobre Carlos lá
fora. De alguma maneira esses malditos são atraídos pelo som. Eles estavam em
algum lugar quando ouviram o tiroteio. Isso foi o suficiente. Já estavam a
caminho. Não sei se eles encontrariam alguma hora o local, mas nós facilitamos
metendo uma bala na cabeça de Carlos. Aquele tiro foi como colocar um outdoor
bem grande escrito: Carne fresca aqui!
Malditos.
Eles são muitos, muitos mesmo. Estão onde jaz o corpo de Carlos estirado
no chão com os miolos estourados. Não tivemos muito tempo para pensar. E
naquele momento eu me arrependi de não ter testado aquele caminhão que está
próximo aos outros prédios. Ele seria de uma grade ajuda, mas tinha um
problema: Poderia não estar funcionando. Merda.
A cada momento eu sinto que aquela cerca vai vir abaixo. Se isso
acontecer estamos mortos. Não tem saída por qualquer outro lugar do prédio.
As janelas são totalmente estreitas para passar uma simples criança. A única
entrada e saída é a grande porta da frente.
Temos um plano e vamos executá-lo.
Mateus está me chamando. Chegou a hora. Estou tremendo de medo como
sempre. Não quero morrer. Deus do céu.
Maldito inferno.
***
3 dias depois...
***
Foi um inferno, um pesadelo. Isso não é como nos filmes onde o herói faz
coisas incríveis e salva todo mundo. Graças a Deus estamos todos salvos, mas
não fizemos nada de incrível. De jeito nenhum. Só fizemos o necessário para
sobreviver.
Enfim... Estou me adiantando aos fatos. Vou relatar o que aconteceu
quando planejamos fugir do prédio.
Estávamos prontos para fugir. Aquela era a hora e não poderia ser mais
adiada. Todas as coisas foram organizadas e preparadas. No prédio achamos uma
sala de limpeza e lá pegamos alguns sacos de lixo que seriam utilizados para
levarmos nossos mantimentos e algumas outras coisas. Tudo foi muito corrido,
mas bem pensado. Mas faltava a parte mais complicada do plano. E a parte mais
complicada do plano era executá-lo.
Ele não era simples. Nem um pouco simples. Qualquer movimento errado
causaria na morte de cada um ali. A função de Mateus era atrair as criaturas o
mais longe possível do portão principal, pois ali seria nossa rota de fuga. A
minha função e a do meu irmão era irmos até o caminhão e o trazermos até aqui.
Isso se ele tivesse funcionando, pois como eu escrevi não havíamos verificado
antes. Se não tivesse, infelizmente seria uma correria desgraçada.
Havia chegado a hora. Mateus estava pronto. Assim que ele saiu e
apareceu do lado de fora, os zumbis começaram a se agitar. Aquilo era
totalmente perigoso, pois eles (os zumbis) poderiam se exaltar e derrubar a grade fácil,
fácil. Mateus começou a caminhar para trás do prédio chamando a atenção dos
malditos zumbis. Era nítido que eles vieram do quartel, pois no meio deles
havia muitos militares. Meu irmão reconheceu muitos deles.
O plano estava funcionando. Os zumbis foram dando a volta atrás de Mateus,
o seguindo pela grade. Já no fundo ele deu dois tiros para chamar ainda mais a
atenção dos zumbis. Quinze minutos depois meu irmão e eu estávamos prontos para
a nossa parte no plano. Abrimos a porta e corremos para o portão. Por perto não
havia nenhum zumbi. Saltamos e corremos para o local onde estava o caminhão. No
caminho apareceram alguns zumbis dentre as arvores. Aqueles desgraçados se
movem muito rápido quando querem. Eu tive que me esquivar rapidamente de um e
atirei no outro mais ao lado. O tiro chamou a atenção de uns quinze zumbis que
estava por ali. Droga, precisávamos correr.
Meu irmão correu mais e se aproximou do caminhão.
- Trancado! – gritou ele para meu desespero.
Eu então corri e dei a volta para verificar a porta do passageiro. Foi
então que dei de cara com ele. Um maldito homem estirado no chão. Não tinha as
duas pernas e estava totalmente mutilado. Mas estava vivo o suficiente para
agarrar meus pés. O maldito abocanhou meu tênis com muita força. Eu atirei e o
matei. Entrei em desespero e tirei meu tênis. Nem me notei que em poucos
segundos estaríamos cercados por zumbis. Olhei e vi que ele havia rasgado, mas
não o suficiente para me tocar. Que sorte. Sorte. Que palavra vazia nos dias de
hoje. Então conferi a porta do passageiro. Trancada. Estávamos perdidos.
Meu irmão começou a atirar nos zumbis que se aproximavam. Eu não sabia o
que fazer. Nossa única esperança de sobreviver estava indo por água abaixo. Por
cerca de cinco segundos eu cogitei pegar meu irmão e fugir dali, só nós dois.
Mas rapidamente tirei isso da minha cabeça. Pessoas estavam contando conosco.
Não podíamos deixa-las para trás. Soquei a porta do caminhão de raiva. Lagrimas
correram pelo meu rosto enquanto meu irmão abatia um zumbi próximo a nós.
Aquele seria nosso fim.
Escrito 19/08/2012 ás 06h40.
Taubaté-SP
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