33° Registro


O medo, o desespero, a angustia, o pavor, o pânico, a constante sensação de estar em perigo e de que a qualquer momento podemos nos ferrar estão fixadas a nós desde que todo esse inferno começou. Mas quando entramos naquele prédio naquela fábrica, não tivemos tempo de sentir isso. Foi tudo muito rápido. Muito mesmo.

Ao virar a lanterna para uma das paredes, me deparei com um vidro espelhado. Não era só ali, e sim no corredor inteiro. A parede subia até um metro e meio e o restante era de vidro espelhado até o teto. Isso seguia até o final do corredor. Com certeza eram salas administrativas. Era um corredor grande e no meio se dividia para os dois lados. Assim que nos aproximamos da divisão dos corredores ouvimos um forte barulho. Olhamos para trás e vimos um dos vidros se espatifar no chão. Ao apontar a lanterna vi um corpo sendo lançado para fora da sala. De repente foram mais dois corpos que saltaram para fora. Outro vidro quebrou do outro lado e mais zumbis se lançaram para dentro do corredor. Ameaçamos sair correndo quando atrás de nós também aconteceu o mesmo. Estávamos cercados.

- Temos que subir! – gritei.

Corremos para a esquerda, na pura adivinhação de que a escada seria por ali. Apontei a lanterna e agradeci ao ver uma porta metálica com o sinal de “escadaria”. Gustavo não pensou duas vezes e avançou contra a porta. Os próximos três segundos quase fizeram nosso coração parar. Gustavo deu um tranco na porta que não se abriu. Eu me virei e dei o primeiro tiro, mas errei. Foi então que meu irmão percebeu seu erro. Aquela porta abria para dentro e não para fora. Então ele puxou a enorme maçaneta de ferro e a porta se abriu com um som totalmente pesado. Fazia tempo que aquela porta não era aberta por ninguém. Assim que ameaçamos entrar, eu senti uma mão deslizar sobre minhas costas, mas não me virei para descobrir quem era. Talvez a criatura quisesse somente um abraço, mas eu não estava no clima naquele momento. A enorme porta metálica se fechou atrás de nós e logo em seguida inúmeros zumbis se amontoaram nela para abrir. Fiquei imaginando quanto tempo eles demorariam a perceber que ela só iria se abrir para o lado de dentro. Mas eu não estava a fim de ficar ali para descobrir. Olhamos e vimos à escada bem na nossa frente. A luz solar ali entrava perfeitamente, dando para ver todo aquele lugar. Era uma escada enorme com dois patamares, iguais as escadas da faculdade, porem maiores. No primeiro lance da escada havia cerca de dez degraus, então virávamos para a direita e subíamos mais dez. Ali não havia uma alma viva, ou morta. Mas isso não iria garantir que do outro lado, no outro andar, não houvesse. Ali havia duas portas metálicas. Teríamos que escolher uma. Mas independente disso precisávamos subir, pois eram os únicos caminhos livres. Ou não.

***

Demoramos pouco mais de quatro minutos para decidirmos em cruzar a próxima porta e irmos para o próximo andar. Durante aquele curto tempo eu tentei imaginar o que poderia ter acontecido naquela fábrica para ter tantas criaturas reunidas ali dentro. Nenhuma explicação lógica veio em minha mente.

Com esses pensamentos vazios na cabeça, meu irmão e eu paramos em frente à porta que escolhemos atravessar. Respiramos fundo e puxamos a maçaneta.


Ali tivemos outra desgraçada surpresa.

Escrito 20/08/2012 ás 10h28. Taubaté-SP

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