32° Registro


Escrevo isso enquanto tento recuperar minhas forças. Se meu senso de distancia ainda funciona, creio que estejamos parados a uns novecentos metros da fábrica. De cima do caminhão eu consigo ver a fábrica perfeitamente. Realmente era uma fábrica, como imaginávamos. Vejo o portão principal, as grades em volta, os galpões e os prédios. E eles... Aqueles desgraçados... Malditos. Sobre a fábrica... Ela está longe de ser um refúgio. Muito longe.

Mais uma vez estou me antecipando aos fatos.

Assim que vimos à torre da fábrica ao longe e decidimos ir até lá, partimos em direção ao nosso novo destino. Dirigimos até começar a anoitecer e paramos para dormir. No dia seguinte partimos novamente. Não era tão perto como imaginávamos e isso nos causou aflição, pois o combustível do caminhão poderia acabar a qualquer momento. Porem nós vimos surgir ao longe à torre da fábrica, nos fazendo acreditar que iriamos conseguir. Ou pelo menos chegarmos próximos.

As duas coisas aconteceram. Chegamos próximos da fábrica, mas o combustível do caminhão acabou. Estávamos a cerca de mais ou menos um quilometro da entrada da fábrica. Porem nós mal podíamos enxergar a fábrica de onde estávamos no caminhão. E qual foi nossa ideia? Ir lá checar e ver se nós poderíamos entrar com todos.

Mateus, que estava com o braço quebrado não poderia ir. Eu já estava começando a me preocupar com o braço dele. Estava com uma cor roxa totalmente fora do normal. Precisávamos fazer alguma coisa. Mas isso ficaria para outra hora. Depois de pensarmos muito, mais uma vez decidimos que meu irmão e eu deveríamos ir. E lá fomos nós. Cada um estava levando uma arma, uma lanterna e um rádio walkie-talkie que meu irmão havia pegado do quartel. Até aquele momento ele não havia sido útil em nenhuma ocasião. Mas agora parecia que iria ser, pois poderíamos nos comunicar com Mateus, que ficaria no caminhão. Então, com aqueles objetos na mão, partimos.

Demoramos alguns minutos até chegarmos ao portão da fábrica. Ela era toda cercada por uma grade de mais ou menos três metros. O portão principal deveria ter seus dois metros e era automático. Então, teríamos que pular. Na torre de uns vinte metros estava escrito “Plastic”. Não conhecia nenhuma fábrica com esse nome em Taubaté. De onde estávamos podíamos ver dois enormes prédios pintados de azul e mais dois enormes galpões. Os prédios deveriam ser da parte administrativa da fábrica, enquanto os galpões deveriam ser a área de produção. Não pensamos duas vezes e pulamos. No meu relógio marcava oito e meia da manha. Teríamos tempo suficiente para vasculhar a fábrica antes que anoitecesse.

Caminhamos tranquilamente até um dos enormes prédios. Ele tinha cerca de dez janelas em cada lado e três portas de entrada e saída. Uma na frente, outra atrás e uma a esquerda de quem entrasse pelo portão principal. O prédio tinha dois andares, mas era enorme em extensão. Assim que nos aproximamos da porta principal, percebemos que estava semi-aberta. Olhamos um para o outro e estranhamos. Eu abri a porta lentamente. Ali foi revelado um enorme corredor escuro. Meu instinto me levou a procurar o disjuntor para acender a luz. Idiota. Mas uma vez fui enganado pelos instintos básicos de um ser humano. Com as armas e as lanternas nas mãos entramos no prédio.

Não conseguimos dar nem três passos e ouvimos um barulho. Como se uma coisa tivesse caído.

Não estávamos sozinhos.

Escrito 20/08/2012 ás 10h15. Taubaté-SP

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